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A luz natural, fornecida pelo sol, é a principal referência para o desenvolvimento de novas soluções de iluminação. Isso porque, ela é o tipo de luz que mais contribui para o nosso bem-estar e conforto.

Por isso, o mercado de iluminação está sempre inovando em tecnologias que buscam se aproximar da qualidade da luz solar. 

Nesse contexto, o Índice de Reprodução de Cor (IRC) e o Índice de Ofuscamento Unificado (UGR) têm um papel essencial. Eles influenciam tanto na percepção dos detalhes quanto no conforto visual proporcionado pelas fontes de luz artificiais.

Quer entender o que são esses índices e como eles impactam na iluminação? Continue a leitura e descubra as médias indicadas conforme o local e tipo de atividade!

O que é o Índice de Reprodução de Cor (IRC)?

Duas maçãs com tonalidades diferentes de cores: uma com alto IRC e outra com baixo IRC.

O IRC (Índice de Reprodução de Cor), ou Ra, foi desenvolvido na década de 1960 pela Comissão Internacional de Iluminação (CIE) para medir a capacidade de uma fonte luminosa artificial reproduzir as cores com fidelidade. Ele utiliza como referência a luz natural, ou seja, a luz do sol.

E como funciona essa avaliação?

De acordo com a Abilux, o teste é feito comparando a luz artificial com 15 cores pré-estabelecidas e relacionadas à luz solar. O resultado é expresso em uma escala de 0 a 100: quanto mais próximo de 100, mais fiel será a reprodução das cores. Para referência, o IRC do sol é 100.

Escala de cores do IRC (Índice de Reprodução de Cores)Imagem: Abilux

No entanto, existe uma particularidade interessante. Mesmo duas lâmpadas com o mesmo IRC podem apresentar diferenças na reprodução de cores devido a outros fatores, como o espectro de cores de cada tipo de lâmpada. 

Espectro de cores, IRC conforme o tipo de lâmpadaImagem: Magic Light

Por exemplo, lâmpadas fluorescentes tubulares tendem a ter um IRC baixo, enquanto as incandescentes e as LEDs oferecem uma reprodução de cores muito mais próxima à luz solar.

Geralmente, o IRC é classificado assim:

  • Abaixo de 80: baixa qualidade
  • Entre 80 e 90: boa qualidade
  • Acima de 90: excelente qualidade.

Essa questão é tão relevante que a norma ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 estabelece requisitos específicos para espaços de trabalho internos. Ela define índices que garantem conforto, segurança e eficiência visual durante as atividades. Isso inclui o IRC e o UGR (Índice de Ofuscamento Unificado), que abordaremos em outro tópico.

Índice R9

Exemplo de uma galeria com obras de arte utilizando spots com alto IRC e R9Imagem: Nordecor | Spots com R9 >93

O R9, dentro do IRC (Índice de Reprodução de Cor), mede a reprodução da cor vermelha. Isso significa que tudo que tenha tons de vermelho, como pele, alimentos e obras de arte, será reproduzido com mais fidelidade em fontes luminosas com alto R9.

Assim como o IRC, o R9 é avaliado em uma escala de 0 a 100. Quanto mais próximo de 100, mais fiel será a reprodução dessa cor. Resultados abaixo de 50 são inadequados para situações que exigem precisão no vermelho.

Dessa forma, escolher lâmpadas com alto R9 é fundamental para ambientes onde a fidelidade do vermelho é crucial, como supermercados, salões de beleza, açougues e espaços com obras de arte, por exemplo.

TM-30

Escala de cores TM-30Imagem: U.S. Department of Energy

O TM-30, criado em 2015 pelo IES (Illuminating Engineering Society), veio para resolver limitações do método de análise IRC (Índice de Reprodução de Cor).

De acordo com informações da Abilux, ele “é um método que faz uma análise mais precisa, pois além de informar a fidelidade de cor (Rf) considerando 99 padrões de cores, também traz a informação da gama de cor (Rg), que está relacionada ao aumento ou diminuição da saturação da cor”. 

O Rf (Fidelity Index), semelhante ao IRC, varia de 0 a 100, e quanto mais próximo de 100, melhor a reprodução de cores. Já o Rg (Gamut Index) mede a saturação das cores, com variação entre 60 e 140. Se o Rg for menor que 100, as cores ficam menos saturadas; acima de 100, mais saturadas.

Embora o TM-30 ofereça maior precisão, o IRC ainda é amplamente usado devido ao tempo de mercado e às barreiras para a adoção do novo método de análise das cores pelos fabricantes.

No artigo TM-30 Update: Challenges and strategies for working with SSL manufacturers, publicado no site do IES, são discutidas as dificuldades que atrasam a adesão ao TM-30 para uma avaliação mais precisa da reprodução de cores.

O que é o Índice de Ofuscamento Unificado (UGR)?

Exemplo de ambiente com spots com UGR baixoImagem: Nordecor | Spots Kona com UGR <16

Segundo a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, o ofuscamento é a sensação visual causada por áreas brilhantes no campo de visão, podendo ser desconfortável ou até inabilitador.

O UGR (Índice de Ofuscamento Unificado) não é uma característica fixa da luminária, mas o resultado de vários fatores: brilho da luminária, luz ambiente, ângulo de visão do observador, altura de instalação e tamanho da área luminosa.

Além disso, ele é medido em uma escala de 10 a 28, e quanto menor o valor, menor o ofuscamento. Um alto UGR pode causar fadiga, dores de cabeça e dificuldade de concentração, afetando diretamente o bem-estar e o desempenho.

Tabela com a escala de UGRImagem: Abilux

Para minimizar o ofuscamento, existem luminárias com recursos como defletores flutuantes ou rebaixados, luz indireta/rebatida, fontes de luz recuadas e lentes antiofuscantes, entre outros.

Como o IRC e o UGR impactam na iluminação?

O IRC (Índice de Reprodução de Cor) alto permite que as cores sejam vistas de forma precisa e próximas à luz do sol, enquanto um UGR (Índice de Ofuscamento Unificado) baixo proporciona conforto visual. 

Esses fatores tornam a iluminação mais agradável e funcional em diversos espaços, seja em locais de trabalho, estudo, descanso ou comércio. Mais do que números, o IRC e o UGR afetam nosso bem-estar, a produtividade e até a percepção de produtos.

Veja alguns exemplos:

  • Indústrias gráficas e têxteis: exigem alta fidelidade nas cores para garantir a qualidade do produto final
  • Lojas, galerias e estúdios de fotografia: as cores precisam ser reproduzidas fielmente para valorizar produtos, obras e imagens
  • Medicina: a iluminação precisa é crucial para diagnósticos, avaliação de tons de pele e interpretação de exames
  • Arquitetura e design: um alto IRC realça materiais, acabamentos e texturas
  • Cinema e televisão: as cores trazem vida e emoção às produções
  • Comércio: cores vibrantes e precisas, como em supermercados e floriculturas, tornam os produtos mais atrativos
  • Sinalização interna: placas de saída, emergência e advertência precisam de cores exatas para proporcionar segurança, especialmente em situações de risco.

Nesse sentido, o IRC e o UGR não são apenas características técnicas; eles moldam como vivemos e interagimos nos ambientes iluminados.

E então?

Como você viu, o IRC (Índice de Reprodução de Cor) e o UGR (Índice de Ofuscamento Unificado) são fundamentais para o bem-estar e o conforto em locais de trabalho, estudo, lazer ou descanso.

No lar, o UGR costuma ser mais relevante, já que a luz confortável é essencial para promover relaxamento, especialmente em espaços de descanso. 

Por outro lado, o IRC ganha destaque em ambientes como a cozinha, onde a reprodução precisa das cores dos alimentos é importante, e no escritório, caso você trabalhe com análise de cores, tecidos ou materiais, como é o caso de arquitetos e designers.

Esperamos que este conteúdo tenha esclarecido suas dúvidas e te ajude a escolher as melhores lâmpadas e luminárias para o seu lar!

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