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A cozinha é um dos espaços mais idealizados na hora de construir. São tantos detalhes, do material da cuba até o acabamento da bancada, que acertar na escolha dos materiais, itens e acessórios para esse ambiente não é uma tarefa fácil, principalmente quando falamos da iluminação da cozinha.

Os mais práticos optam por um ou mais painéis de LED como luz central e alguns spots de embutir em locais estratégicos do armário da cozinha, com o intuito de agregar esteticamente.

Entretanto, nem sempre essa escolha é a ideal, pois muito além da praticidade na instalação e redução nos custos, a iluminação da cozinha deve ser funcional e garantir uma boa luminosidade, conforme a atividade realizada.

Nesse sentido, sabemos que na hora de definir a iluminação da cozinha, muitos erros podem ser cometidos e nós queremos te ajudar a evitá-los. Continue a leitura e confira!

1° erro na iluminação da cozinha: comprar a lâmpada sem decidir a temperatura da cor ideal

A temperatura da cor é uma informação que está disponível nas especificações da lâmpada e, dependendo do site, ao lado do preço, com a possibilidade de você escolher qual temperatura da cor você quer que a sua lâmpada tenha.

Agora, falando dela em si, ela é a cor da luz que enxergamos e ela não se refere a emissão de calor ou frio, mas é sobre a tonalidade da cor da lâmpada

Existem três tipos: luz amarela (luz quente), luz branca (fria) e luz neutra. Além disso, ela é medida em Kelvin (K), sendo a grandeza que expressa a aparência de cor de uma luz. Para cada temperatura da cor há um mínimo e um máximo medido em Kelvin:

  • Luz amarela (luz quente): de 2700K até 3500K
  • Luz neutra: de 4000K até 5000K
  • Luz branca (fria): de 5500K até 6500K.

Uma dúvida comum é se a temperatura da cor impacta na luminosidade. Não há uma confirmação sobre isso, porém é possível notar que as lâmpadas de LED com luz amarela deixam o ambiente menos iluminado do que as opções com luz neutra ou branca.

A temperatura da cor é relevante pela questão da luminosidade e para direcionar o tipo de clima que você quer para o local, atendendo as necessidades de cada espaço. 

A cozinha, por ser um ambiente onde você prepara refeições, precisa de mais luz para essa tarefa que demanda atenção, sendo recomendado utilizar lâmpadas de LED com luz neutra (de 4000K até 5000K) ou luz branca (5500K até 6500K).

Mas, isso não é uma regra. Na verdade, você também pode usar na cozinha lâmpadas com temperatura de cor com luz amarela (de 2700K até 3500K), em espaços que pedem um conforto visual, como acima da bancada ou da mesa de jantar, por exemplo. 

Uma boa forma de identificar a temperatura da cor a ser trabalhada por toda a cozinha é analisando esse local conforme o tipo de iluminação e isso detalhamos melhor no próximo tópico.

2° erro: esquecer de avaliar os tipos de iluminação e a posição das luzes

Cozinha iluminada a noiteImagem: Freepik

A definição da iluminação da cozinha se torna menos complexa se você considerar os tipos de iluminação que fazem parte deste ambiente

Na verdade, os tipos de iluminação que apresentaremos podem ser aplicados para qualquer cômodo da casa, entretanto alguns ficam mais evidentes que outros.

Existem 3 tipos principais: a iluminação geral, de tarefa e a decorativa. É normal pensarmos na iluminação geral da cozinha, ou seja, um único foco de luz central, que pode ser um plafon, lustre ou painel de LED, para atender toda a luminosidade do espaço.

Contudo, quase sempre essa luminária não é suficiente, mesmo que você opte por um modelo com a quantidade de lúmens ideal para a sua cozinha, pois ela não alcança todos os locais do ambiente. 

Além disso, as luzes “de tarefa” e “decorativa” não são indicadas com o intuito de agregar apenas visualmente. Elas fazem realmente diferença no dia a dia.

A iluminação de tarefa (que pode ser criada com spots e/ou trilhos eletrificados), é aquela pensada para os afazeres na pia, no fogão e até mesmo na bancada ou ilha, se você costuma utilizar esse móvel para cortar alimentos, por exemplo.

Como o objetivo dela é iluminar as atividades que exigem atenção, é interessante investir em lâmpadas com a temperatura da cor luz neutra (4000K até 5000K) ou luz branca (5500K até 6500K) para proporcionar uma luminosidade adequada. 

Vale mencionar que a luz branca (fria) é bem intensa, lembrando bastante a iluminação dos hospitais. Por isso, o recomendado é apostar na luz neutra que tem uma intensidade maior, mas não causa desconforto visual.

E ainda, tem a iluminação decorativa que, como o próprio nome sugere, é aquela usada para embelezar móveis, objetos ou detalhes da decoração da cozinha e que pode ser criada com fitas de LED ou perfis de LED, por exemplo. 

De fato, elas decoram e destacam pontos importantes da cozinha, mas também são funcionais, pois podem ajudar a iluminar um espaço, como as fitas de LED aplicadas no armário aéreo da cozinha que fica acima da pia.

Dependendo da quantidade de lúmens do modelo, a iluminância não será tão intensa, mas complementará a iluminação central da sua cozinha.

A posição das luminárias influencia na luminosidade

A posição das lâmpadas é tão essencial quanto o tipo de iluminação e a quantidade de lúmens, pois você pode ter uma lâmpada com ótima luminosidade e mesmo assim ela não iluminar bem todos os cantos da cozinha, por exemplo.

É preciso ser estratégico na escolha do local e posição que ocupará cada lâmpada. Para os ambientes de tarefa, é indicado que a luz venha de cima, assim não serão criadas sombras que poderão atrapalhar as atividades.

No caso do armário da cozinha, você pode apostar em spots ou fitas e perfis de LED, que normalmente são embutidos. O fogão/cooktop, dependendo do modelo, já vem com uma luz embutida. Se não, vale a pena apostar na fita de LED ou mesmo algum modelo de spot de embutir.

Já no caso das bancadas/ilhas, se você utilizar para cortar alimentos ou outras tarefas, o ideal é também optar por uma luz mais focada, como os trilhos eletrificados com spots.

Agora, se a ilha da cozinha é uma espécie de mesa para refeições rápidas, você pode investir em pendentes com uma luz mais discreta e aconchegante, já que são momentos mais descontraídos, que pedem uma iluminação mais leve.

A regra geral é priorizar uma boa luz para na hora de fazer comida evitar se machucar ou sofrer para enxergar a cor dos alimentos, por exemplo.

E no próximo tópico falamos sobre uma informação que, se não for avaliada, pode prejudicar a visualização dos alimentos na cozinha.

3° erro: não analisar o IRC das lâmpadas

IRC (Índice de Reprodução de Cor) em frutas

O sol é a principal fonte de luz que temos e, por isso, ele é a base para enxergarmos as cores como elas são. Na prática, uma fruteira enxergada sob a luz do sol, pode ter tonalidades de cores diferentes quando visualizada em uma cozinha com lâmpada de LED, por exemplo.

E como garantir que as cores que enxergamos, principalmente dos alimentos, são reais? 

Para identificar, existe uma informação nas especificações da lâmpada chamado IRC (Índice de Reprodução de Cor). Esse índice varia de 0 a 100 e, quanto mais perto for do 100, mais fiel é a reprodução das cores que visualizamos com a luz solar.

A Lâmpada Led Taschibra TKL 60 9W E27 Bivolt, por exemplo, tem IRC 80, é um bom índice, mas ainda não permite visualizar 100% os alimentos com as cores que eles realmente têm.

Grande parte das lâmpadas do mercado já vem com IRC 80, justamente pela relevância de poder enxergar objetos, alimentos e as coisas, de modo geral, com as suas verdadeiras cores.

Na cozinha, com uma iluminação mais fiel em reproduzir as cores, você consegue notar se uma fruta está muito madura ou uma carne está estragada, por exemplo.

E claro, essa informação é extremamente importante para locais comerciais, como restaurantes, por conta da comida e em hospitais, por conta de cirurgias e procedimentos que necessitam dessa iluminação intensa para evitar erros e falhas.

4° erro: não ter sincronia entre a temperatura da cor e o estilo da iluminação em ambientes integrados

A cozinha é foco do nosso conteúdo, mas não poderíamos deixar de mencionar quando ela é projetada em conjunto com a sala de jantar/estar, sendo esse espaço conhecido como ambiente integrado.

Como esses dois cômodos acabam sendo um só, não é apenas a decoração que necessita ser fluída entre ambos. A temperatura da cor da iluminação da cozinha e da sala devem também estar em harmonia.

Nesse sentido, você precisa optar por luz neutra na cozinha e na sala? Não. 

Você pode trabalhar com temperaturas diferentes, desde que elas estejam próximas. E claro, evite usar os extremos 2700K e 6500K, independente se forem juntos ou separados. Essas temperaturas são pouco utilizadas, principalmente quando falamos do uso residencial.

Agora, sobre utilizar mais de uma temperatura de cor, vamos a um exemplo. 

Suponhamos que na sua cozinha você queira usar a temperatura de cor 3500K na fita de LED abaixo do armário aéreo para proporcionar uma iluminação extra para esse local e, uma luz com temperatura de cor 4000K em um plafon de sobrepor central.

E na sala de jantar, você decide por um lustre pendente, sob a mesa, com uma temperatura de cor de 3000K, com o intuito de criar um espaço mais intimista e confortável para as refeições.

Neste exemplo, você variou as temperaturas e ainda sim esses dois ambientes se conversaram, ou seja, a iluminação ficou leve.

Ficou mais fácil alinhar a temperatura da cor desses locais, concorda?

E ainda, o estilo da iluminação da cozinha e da sala de jantar também deve estar alinhado. Na prática, se você escolher um trilho eletrificado para a cozinha, com spots redondos, é interessante optar por um lustre pendente, com formato arredondado, para a sala de jantar/estar.

O ideal é existir a combinação de formatos, cores e materiais, mas, se não for possível, você pode criar essa conexão entre os espaços utilizando apenas um deles como critério. Se usar luminárias brancas na cozinha, use também na sala de jantar, por exemplo.

Na dúvida, pesquise na internet inspirações, pois o que não faltam são ideias de ambientes integrados com iluminações incríveis.

5° erro: não calcular a quantidade de luz necessária para a sua cozinha

Cozinha planejada bem iluminadaImagem: Freepik

Agora que você já sabe diversos detalhes técnicos importantes para acertar na iluminação da cozinha, falta apenas identificar quantas lâmpadas são necessárias para garantir uma boa luminosidade para esse local.

Para definir quantas lâmpadas/luminárias você precisará para sua cozinha, é necessário fazer um cálculo. Para isso, você precisa ter o fluxo luminoso (quantidade de luz emitida pela fonte luminosa, medida em lúmens (lm)) e quantos metros quadrados tem o seu ambiente.

Localize nas especificações da lâmpada qual é a quantidade de lúmens que ela emite. Por exemplo, a Lâmpada Led Save Energy Dicróica MR16 7W GU10 Bivolt tem um fluxo luminoso de 500 lúmens na temperatura de cor de 4000K. 

Se essa informação não estiver disponível, você deve encontrar a eficiência luminosa (que é quantos lúmens a lâmpada emite por Watts).

Ainda pegando como exemplo a Lâmpada Led Save Energy Dicróica MR16 7W GU10 Bivolt, ela tem também esse dado, sendo 71 lm/W.

E como fazer quando só está disponível a quantidade de lúmens por Watts? Você precisa converter esse valor para o total de lúmens emitidos pela lâmpada. 

Para fazer isso basta multiplicar a quantidade de Watts (desse modelo é 7W) pelo número de lúmens por Watts (71lm).

7W x 71lm = 497 lúmens.

Para descobrir se essa quantidade de lúmens é ideal para iluminar sua cozinha com 10 m², por exemplo, devemos fazer o cálculo da iluminância (densidade do fluxo de luminosidade sobre uma superfície) medida em Lux (lx). 

Nesse sentido, basta dividir a quantidade de lúmens pela metragem do local. Ou seja:

Lux = 497 lúmens / 10 m² = 49,7 lx

E o que fazer com esse resultado?

Você pode consultar a tabela de referência com o mínimo necessário de Lux para cada ambiente, presente na NBR 5413. No caso da cozinha, a norma sugere mínimo de 100lx, médio 150lx e máximo 200lx para a iluminação geral

Já no caso da iluminação local (fogão, pia, mesa), que logo acima mencionamos como o tipo de iluminação “de tarefa”, a norma sugere mínimo de 200lx, médio de 300 lx e máximo de 500lx

Nesse sentido, como a Lâmpada Led Save Energy Dicróica MR16 7W GU10 Bivolt emite 49,7 lx podemos dizer que uma única lâmpada não conseguirá suprir a sua demanda de luminosidade

Serão necessárias pelo menos três lâmpadas para proporcionar uma boa luminosidade geral e pelo menos quatro lâmpadas, focadas, para uso nos espaços como fogão, pia ou mesa.

E então?

Ao longo do conteúdo apresentamos 5 erros comuns na iluminação da cozinha que você precisa evitar.

Esperamos que este conteúdo tenha esclarecido algumas dúvidas e que você consiga colocar em prática a construção ou reforma da sua cozinha dos sonhos, bem informado (a) para evitar esses erros!

E se você está construindo ou reformando e não sabe qual modelo de cuba escolher para sua cozinha, não deixe de conferir o blog post Cuba para cozinha: simples, dupla ou tripla? 

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